Pedagogia Curativa

A educação terapêutica e terapia social abrange os campos da pedagogia, da psicologia e da medicina. Ela observa o desenvolvimento cronológico da criança e os métodos necessários nas diversas idades, mas confronta-se igualmente com as imperfeições físicas, psíquicas e espirituais da pessoa que precisa dos cuidados especiais, ajudando na superação da discrepância entre a individualidade e o seu instrumento corpóreo.

Cada pessoa é uma individualidade preciosa, tendo sua própria tarefa e evolução na terra. Assim, na educação terapêutica e terapia social não se trata de “encaixar” a pessoa dentro dos esquemas psiquiátricos, sociopolíticos, econômico-produtivos, etc., que tanto inibem o desenvolvimento específico da personalidade, porém trata-se de fomentar justamente a capacidade de poder viver e vivenciar o que é mais verdadeiro no próprio ser. Neste sentido podemos dizer com as palavras de J.W. Goethe: “Se amamos aos homens meramente como são, degradamo-los; se os tratamos como se fossem o que deveriam ser, levamo-los aonde devem ser levados.”

Na educação terapêutica e terapia social olhamos para a deficiência ou anormalidade de desenvolvimento não como um mal em si, mas como uma forma extrema de algo natural que reside em cada um de nós. Trata-se de um desequilíbrio, o qual pode tender para um ou outro lado. Por exemplo: um processo pode adquirir elementos aceleradores ou inibidores, pode manifestar-se exageradamente para dentro do âmbito neuro-sensorial ou para o âmbito metabólico-motor, etc.

Conseqüentemente, a terapêutica visará menos as terapias artificiais e elaboradas intelectualmente, e sim aquelas que se seguem à observação exata dos fenômenos para direcioná-los para o equilíbrio. Isso, obviamente, sempre respeitando a singularidade e dignidade da criança a ser ajudada. Enquanto o pedagogo concentra-se mais sobre a harmonia das três grandes áreas (pensamento, sentimento e vontade), o pedagogo curativo dirige-se mais para as polaridades em desequilíbrio.

Como também na Pedagogia Waldorf, porém de modo mais acentuado, os elementos do ritmo e da forma, da arte e da criatividade, assim como da ação e praticidade no ensino são fundamentais. O currículo escolar é o mesmo da escola normal, mas adaptado nesse sentido. Outros elementos eminentemente terapêuticos são um invólucro social ético-religioso e o convívio natural com essas crianças, no qual não impera a atenção sobre o imperfeito e subdesenvolvido mas sobre o valioso e singular deste pequeno ser humano.

Nos países europeus a educação terapêutica e terapia social é denominada de “pedagogia curativa” (por exemplo, Heilpädagogik em alemão,curative educationem inglês) e teve sua origem dentro do contexto da Antroposofia, na qual foi inaugurada em 1924 por meio de um curso de conferências do Dr. Rudolf Steiner como uma Pedagogia Curativa Antroposófica, sendo que daí difundiu-se para a pedagogia convencional. A profissionalização nessa área é adquirida em um estudo de nível superior de 4 anos, o qual corresponde ao que no Brasil se chama de psicopedagogia. Só que na Europa ele é um curso em si e não uma pós-graduação.

 

A Terapia Social

Quando se trata de assistir a pessoas já adultas que precisam de cuidados, falamos de “terapia social” ou de “terapia de convívio”. Em 1939 o Dr. Karl König fundou, por meio das chamadas Comunidades Camphill, diversos centros residenciais e aldeias para pessoas com e sem problemas, criando assim uma forma de sociedade, na qual não haveria discriminação e sim uma verdadeira sociabilidade e integração de todos. Isso tornou-se, no “primeiro mundo”, particularmente para os adultos especiais, uma alternativa digna às instituições terapêuticas, nas quais eles eram tratados como doentes ou deficientes.
Na terapia social não se educa mais o outro, visto que todos são adultos, mesmo que uns sejam mais inteligentes do que outros. A terapia ocorre por meio do ajustamento mútuo, orgânico e respeitoso. Hoje a terapia social é vivida tanto em comunidades de convívio como em centros de atendimento diurno com oficinas e artes.
A terapia social libera a pessoa especial do rótulo de “coitadinho” e incapaz, dando-lhe não somente auto-estima, mas uma verdadeira e valiosa função no mundo.

 

Trabalho Educacional e Oficinas Terapêuticas

Por causa de sua desvinculação social e humana, o termo trabalho hoje em dia tem uma conotação negativa, de exploração e atividade necessárias para se sobreviver. Na Terapia Social vivemos o outro lado do trabalho: a alegria de poder servir o outro, o gosto de poder fornecer ao outro o que ele precisa e de receber esse serviço de maneira recíproca. Nesse sentido o trabalho não é uma ocupação, e as oficinas não são lugares de terapia ocupacional num sentido restrito e literal.
É basicamente por isso que as oficinas, chamadas também de Oficinas Terapêuticas geralmente são oficinas de artesanatos básicos: marcenaria, tecelagem, olaria, agricultura, costura, jardinagem, culinária, etc. A pessoa que trabalha nelas compreende o sentido do seu trabalho em dupla maneira: ele entende o que está fazendo praticamente e vê o resultado no âmbito social.

 

Informações obtidas no site da Sociedade Antroposófica no Brasil. Acesse a página em:
http://www.sab.org.br/portal/ped-curativa-e-terapia-social/131-educacao-terapeutica-e-terapia-social-com-base-na-antroposofia

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