A Medicina Antroposófica é uma ampliação da Medicina Acadêmica. Esta baseia-se nos métodos das ciências naturais, que nos permitem penetrar em todos os detalhes da natureza física ou corporal do organismo humano. A Medicina Antroposófica distingue, além da organização puramente física do homem, outras três organizações:
Tal como a Medicina Acadêmica, que se baseia no método das ciências naturais, a Medicina Antroposófica baseia-se no mesmo método para o conhecimento do homem físico; mas para o conhecimento das organizações vital, anímica e espiritual, baseia-se no método da Ciência Espiritual ou Antroposofia, fundada na Europa por Rudolf Steiner, no começo deste século.
1. O Corpo Físico: mineral, substancial, existente em diversas formas, em todos os reinos da natureza.
2. O Corpo Vital ou Etérico: fundamento da vida, das características puramente vegetativas, crescimento, regeneração e reprodução. Existe em todos os organismos vivos.
3. O Corpo Anímico ou Astral: é o fundamento da organização sensitiva do homem; ele reordena os processos biológicos, permitindo a aparição do sistema nervoso no mundo animal e no homem.
4. A Organização para o Eu: é a organização própria do homem, dá a auto-consciência e reagrupa as atuações dos outros três corpos, surgindo assim o andar ereto e as capacidades de falar e pensar.
Essas quatro organizações agrupam-se reciprocamente em três formas diferentes no organismo humano, surgindo assim uma estrutura funcional e anatômica de constituição tríplice:
1. Sistema Neuro-sensorial: concentrado principalmente na região da cabeça, mas também distribuído por todo o corpo. Ele está a serviço da consciência.
2. Sistema Rítmico: cujo centro funcional se encontra na região torácica, onde a característica das funções pulmonar e do coração é o ritmo. Também presente nos ritmos de outras funções biológicas, fora da cavidade torácica.
3. Sistema Metabólico e das Extremidades: agrupa todos os processos metabólicos, base para o sustento, regeneração e movimento do organismo, cujos órgãos principais se concentram na cavidade abdominal e extremidades; mas funcionalmente presente, tal como os outros dois sistemas, em todo o organismo e em cada uma de suas células e tecidos.
A relação recíproca desses três sistemas muda durante a vida do ser humano, de idade para idade, vinculando-se com essa mudança biológica às mudanças que acontecem psicológica e espiritualmente no desenvolvimento normal das pessoas.
Um transtorno nesta transformação através do tempo leva a um desequilíbrio na relação recíproca desses três sistemas e esta é a causa primária das doenças. O Sistema Neuro-sensorial é, em termos de multiplicação celular e regeneração de tecidos, biologicamente muito pobre quando comparado com os órgãos do Sistema Metabólico: e esta é a situação normal dele. Quando no Sistema Metabólico se repete a situação normal para o Sistema Neuro-sensorial, surgem as doenças degenerativas e, em geral, as doenças de evolução crônica; quando ocorre o contrário, quer dizer, o normal para o Sistema Metabólico aparece no Sistema Neuro-sensorial ou órgãos vizinhos, temos aí o fundamento das doenças inflamatórias, agudas.
Nas doenças esclerosantes, doenças degenerativas, crônicas, os tecidos perdem a sua elasticidade, desidratam-se, a respiração celular diminui, o tecido normal para o órgão afetado desaparece lentamente sendo substituído por tecido desvitalizado, fibroso. Isto acontece nas nossas artérias, na arteriosclerose; no fígado, na hepatite crônica ou na cirrose hepática; nas nossas articulações, na artrose ou na artrite reumatóide. Em todas estas doenças encontramos em atividade o princípio biológico próprio do Sistema Neuro-sensorial, mas em forma exagerada e em regiões onde normalmente esse princípio atua com pouca intensidade.
Nas doenças inflamatórias, achamos o contrário: podemos considerar como fisiologicamente inflamados, com intensos processos de regeneração e multiplicação celular, tecidos como o sangue, o intestino (vilosidades intestinais), o fígado. Quando esses processos normais acontecem em regiões onde existe maior repouso biológico, surgem as doenças que chamamos de inflamações, como piodermite, pneumonia, meningite, pielonefrite, etc.
A metodologia própria da Medicina Antroposófica permite pesquisar os reinos da natureza à procura de medicamentos para as doenças, e a mesma metodologia tem levado ao desenvolvimento de procedimento farmacêutico próprio para a fabricação desses medicamentos.
Os medicamentos próprios desta forma de Medicina são tomados dos três reinos da natureza: mineral, vegetal e animal, e suas indicações e mecanismos de atuação são conhecidos através do método de pesquisa de Antroposofia.
Esta Medicina surgiu na Europa e lá se encontra muito difundida nos seguintes países: Alemanha, Suíça, Holanda, Itália, Suécia, França, como também em outros países da Europa e em outros continentes.
1. Steiner, R. – A Filosofia da Liberdade;
2. Steiner, R. – Teosofia;
3. Steiner, R. e Wegman, I. – Elementos Fundamentais para a Ampliação da Arte de Curar;
4. Husemann, Fr. e Wolff, D. – A Imagem do Homem como Base da Arte Médica.
Por Dr. Bernardo Kaliks
(Artigo publicado na Revista ARS CVRANDI – outubro/90)
Informações obtidas no site da Sociedade Antroposófica no Brasil. Acesse a página em:
http://www.sab.org.br/portal/medicinaeterapias/213-oqueeamedicinaantroposofica