A fundamentação do aconselhamento biográfico encontra-se na obra de Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia e autor de uma extensa bibliografia. A abordagem foi trazida ao Brasil pelo casal Gudrun e Daniel Burkhard, ela, médica antroposófica, pioneira do trabalho biográfico e fundadora da Formação Biográfica no Brasil – em 1983 eles fundaram a Artemísia em São Paulo, como um Centro para o Trabalho Biográfico.
Hoje existem no Brasil três centros de formação em Aconselhamento Biográfico – a Escola Livre de Estudos Biográficos em São Paulo, com a turma XV em formação, a Escola Livre de Estudos Biográficos de Minas Gerais em Juiz de Fora, em sua 4ª turma, e o Curso de Biografia e Caminho Iniciático em Florianópolis, na sua 3a edição.
É uma formação longa – quatro anos de duração – e, após conclusão de todos os módulos e cumpridos todos os requisitos, o formando recebe o Certificado reconhecido pelo International Trainers Forum, órgão representativo da Seção Geral de Antroposofia da Escola de Ciência Espiritual do Goetheanum, Dornach, Suíça, que o habilita a exercer a atividade.
Reconhecida já como profissão regulamentada em alguns países da Europa, no Brasil encontra-se em fase de registro e reconhecimento pelo Cadastro Brasileiro de Ocupações (CBO), órgão regulamentado pelo Ministério do Trabalho.
Hoje em dia encontramos uma vasta literatura e bibliografia sobre o tema, explicando e conceituando o trabalho de Aconselhamento Biográfico. Apesar de ser uma ocupação relativamente nova (o trabalho sistemático teve início nos anos 50, seguido da publicação do livro “Fases da Vida – crises e desenvolvimento da individualidade” em 1976 pelo psiquiatra e educador holandês Bernard Lievegoed, primeira edição no Brasil pela Ed. Antroposófica em 1984), sua conceituação é tão antiga quanto o é o aforismo grego inscrito no Templo de Delfos “Conhece-te a ti mesmo”, encontrado também no interior do templo de Luxor no Antigo Egito.
A nossa biografia é tão única e individual como nossa impressão digital – em um mundo com mais de 7 bilhões de habitantes, não há duas impressões digitais iguais, assim como não existem no mundo duas biografias idênticas! E talvez este seja justamente um dos grandes propósitos de um processo biográfico – apoiar o indivíduo a olhar para si mesmo, para sua história de vida, descobrir-se, compreender e aceitar suas particularidades, para que possa, por si próprio, acessar a chave para superar suas crises, insatisfações, decepções e dores. E assim, ao desvendar suas potencialidades e apropriar-se de suas singularidades, em liberdade, possa decidir sobre seu destino e exercer plenamente sua vida.
Apoiados pelo Aconselhador Biográfico e por um processo estruturado que leva em consideração as leis que regem cada setênio, vamos trazendo para a consciência as nossas lembranças interiores, compreendendo a dinâmica da nossa existência, revelando um fio condutor e a percepção de que a nossa vida não é apenas uma sucessão aleatória de fatos e sim, um processo contínuo de desenvolvimento e transformação. Fazemos uma revisão ampliada de nós mesmos, entrando em contato com nossos talentos e vocações, mas também com nossas dificuldades, vícios, medos, mecanismos de defesa e freios.
A partir deste autoconhecimento decidimos onde precisamos – e queremos – nos desenvolver (autodesenvolvimento) para alcançar a auto realização. Tornar visível este panorama pode ser a chave para a compreensão de nós mesmos e para o nosso processo de transformação, na busca de novos caminhos em direção ao futuro.
Olhar para o horizonte, para o meu horizonte, e nesta direção caminhar, com mais segurança, confiança e clareza, enfrentando meus desafios, sendo autor da minha vida!
Existem formas diferenciadas de atuação, que sempre transcorrem em uma atmosfera de acolhimento e total confidencialidade, onde somos convidados a fazer uma retrospectiva estruturada da nossa biografia. Quando as nossas experiências de vida permanecem não digeridas e não integradas, elas atuam inconscientemente no nosso SER, consumindo nossa energia vital e continuamente interferindo na nossa relação com o mundo.
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